terça-feira, 27 de outubro de 2009

A teoria é outra



Os gêmeos


Estavam ali parados. Marido e mulher.
Esperavam o carro. E foi que veio aquela da roça
tímida, humilde, sofrida.
Contou que o fogo, lá longe, tinha queimado seu rancho,
e tudo que tinha dentro.
Estava ali no comércio pedindo um auxílio para levantar
novo rancho e comprar suas pobrezinhas.
O homem ouviu. Abriu a carteira tirou uma cédula,
entregou sem palavra.
A mulher ouviu. Perguntou, indagou, especulou, aconselhou,
se comoveu e disse que Nossa Senhora havia de ajudar
E não abriu a bolsa.
Qual dos dois ajudou mais?
Donde se infere que o homem ajuda sem participar
e a mulher participa sem ajudar.
Da mesma forma aquela sentença:
“A quem te pedir um peixe, dá uma vara de pescar.”
Pensando bem, não só a vara de pescar, também a linhada,
o anzol, a chumbada, a isca, apontar um poço piscoso
e ensinar a paciência do pescador.
Você faria isso, Leitor?
Antes que tudo isso se fizesse
o desvalido não morreria de fome?
Conclusão:
Na prática, a teoria é outra.

Conclusões de Aninha,de Cora Coralina










terça-feira, 20 de outubro de 2009



Henri Cartier-Bresson

Felicidade se acha é em horinhas de descuido.
Guimarães Rosa

Tic Tac Tic Tac -Campanha Global de Ações pelo Clima





Pessoal essa é uma  Campanha Global de Ações pelo Clima (GCCA, na sigla em inglês) é fruto de uma aliança inédita de organizações não-governamentais, sindicatos, grupos religiosos e pessoas que tem como objetivo mobilizar a sociedade civil e a opinião pública para que os governos se posicionem e estabeleçam metas ambiciosas e justas em prol de decisões concretas para combater as causas das mudanças climáticas e amenizar seus efeitos.
O objetivo da campanha é consolidar uma série de ações em diversos países, que culminarão em uma plataforma de orientações e reivindicações a ser apresentada durante a COP-15, realizada de 7 a 19 de dezembro de 2009, em Copenhague, Dinamarca.
A campanha mundial GCCA está sendo implementada com prioridade em alguns países importantes para o êxito das negociações, ou seja, para que tais países tenham posições e compromissos mais efetivos e adequados para salvar o planeta da catástrofe climática.
A lista desses países inclui Brasil, Japão, Canadá e Polônia (que preside o processo de preparação da COP antes de Copenhague).

Acho que vale a pena conferir o site ,lá tem um abaixo assinado a favor de uma economia de baixo carbono!
Eu já assinei.

Acesse:  http://www.tictactictac.org.br/

E esse vídeo mostra o lançamento da Campanha TIC TAC TIC TAC aqui em São Paulo!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Convivência




Achei esse vídeo bem bacana no youtube,uma animação sobre as dificuldades e inflexibilidades que a convivência nos oportuniza diariamente!Confira.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Literatura





Ler é,provavelmente, a maneira mais intensa de escrever.
Clarice Lipector

Verdades da Profissão de Professor




"Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores.
Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados.
Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.
A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos.
Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”.
Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda".
Paulo Freire

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Pela primazia


O homem estava sentado sobre uma lata na beira de uma garça.
O rio Amazonas passava ao lado.
Mas eu queria insistir no caso da rã.
Não seja este um ensaio sobre orgulho de rã.
Porque me contou aquela uma que ela comandava o rio Amazonas.
Falava, em tom de sério, que o rio passava nas margens dela.
Ora, o que se sabe, pelo bom senso, é que são as rãs que vivem nas margens dos rios.
Mas aquela rã contou que estava estabelecida ali desde o começo do mundo.
Bem antes do rio fazer leito e passar.
E que, portanto, ela tinha a importância de chegar primeiro.
Que ela era por todos os motivos primordial.
E quem se faz primordial tem o condão das primazias.
Portanto era o rio Amazonas que passava por ela.
Então, a partir desse raciocínio, ela a rã, tinha mais importância.
Sendo que a importância de uma coisa ou de um ser não é tirada pelo tamanho ou volume do ser mas pela permanência do ser no lugar.
Pela primazia.
Por esse viés do primordial é possível dizer então que a pedra é mais importante que o homem.
Por esse viés, com certeza, a rã não é uma criatura orgulhosa.
Dou federação a ela.
Assim como dou federação à garça quem teve um homem sentado na beira dela.
As garças têm primazia.
(de Manoel de Barros, em Memórias Inventadas – A Infância)

Como se resolve a INDISCIPLINA?


Hoje li uma matéria na revista Nova Escola que traz 7 sete soluções para o professor encaminhar o problema da indisciplina na escola. Segundo a revista ,não se trata de um manual de instruções. As questões ligadas à indisciplina são da natureza humana. Portanto, complexas e incertas. Esse é um ponto de partida para quem convive com o problema. Para se sair bem, é preciso estudar muito e sempre revisitar o tema.

1-Distinguir as regras morais das convencionais e discuti-la
NÃO CONFUNDA REGRAS Proibir o chiclete é uma convenção (questionável, por sinal). Ser solidário é uma regra moral. Nesse caso, a professora de Calvin misturou tudo.


2-Equilibrar de maneira justa sua reação a um problema EQUILIBRE AS AÇÕES Calvin provavelmente não fez nada grave, mas a expectativa do castigo desproporcional mostra como a escola parece estar acostumada a reagir de maneira inadequada

3-Conquistar autoridade com o saber e o respeito ao aluno
PRESERVE A AUTORIDADE Em vez de resolver a questão, a professora de Calvin transfere o problema para o diretor, que tinha muito menos condições do que ela de intervir na situação

4-Ter como objetivo construir um ambiente cooperativo
PROMOVA COOPERAÇÃO O clima pautado na colaboração e no respeito é mais eficiente porque não expõe as crianças, como Calvin e Susi, ao medo das sanções

5-Agir na hora certa e sempre manter a calma
É preciso chamar a atenção, mas sempre com respeito e mostrando que o grupo é que está sendo prejudicado, e não apenas você, pessoalmente. Tratar o estudante dessa forma faz com ele também perceba como agir em momentos de conflito.


6-Ficar alerta porque a indisciplina nunca acaba
Esse trabalho não tem fim. Mesmo que a equipe já esteja atenta e capacitada para encarar a indisciplina sob esse prisma mais amplo, é preciso manter o tema vivo.


7-Incentivar e respeitar a autonomia do aluno

VALORIZE A AUTONOMIA Uma aparente indisciplina, como esta bela atuação de Calvin, pode, na verdade, ser uma maneira de o aluno dizer que quer fazer as coisas de um jeito diferente.
Fonte:Revista Nova Escola 10/2009


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Vazio vazando


A mãe reparou que o menino gostava mais do vazio do que do cheio.Falava que os vazios são maiores e até infinitos.

À sombra dessa mangueira


Em busca de algumas respostas para os milhares de conflitos que estamos enfrentando em nossa escola,achei esse texto de Paulo Freire,que nos conforta e nos estimula ao trabalho ,a sermos mais tolerantes e humildes.Eternos aprendizes!

“(...) uma sociedade desafiada pela globalização da economia, pela fome, pela pobreza, pelo tradicionalismo, pela modernidade e até pós-modernidade, pelo autoritarismo, pela democracia, pela violência, pela impunidade, pelo cinismo, pela apatia, pela desesperança, mas também pela esperança”.


É nessa realidade descrita que se encontra a educação popular e o desafio de uma prática político-pedagógica dos educadores para a formação de uma cultura político-democrática e cidadã das classes populares. Nesse sentido, Freire nos fala que “humildade e tolerância são fundamentais”. Humildade para aceitar que existem outras verdades e tolerância para aceitar e crescer na diferença.

Construir uma escola pública popular é ampliar as aspirações educacionais populares aliadas a reorientação política do nosso país, é adotar para a educação escolar um currículo pensado na população. É fazer uma escola que para Freire:“estimula o aluno a perguntar, a criticar, a criar, onde se propõe a construção do conhecimento coletivo, articulando o saber popular e o saber crítico, científico, mediado pelas experiências no mundo”.


Paulo Freire(Livro:Á sombra dessa mangueira)

Educação da Sensibilidade


O que está acontecendo com nosso processo de educação que não vem respondendo aos anseios de Harmonia e Equilíbrio em nossa sociedade dita civilizada?
As crianças que ainda não sucumbiram ao sistema que vem comprimindo o SER CRIANÇA, seja dentro da família, das escolas, nos diversos espaços sociais da própria cidade onde elas moram, nos meio de comunicação de massa, elas, uma vez ouvidas sabem do que precisam e nos pedem muito pouco.

Elas apenas querem ocupar o seu LUGAR de direito,o seu habitat,com espaço e tempo suficiente para que brincando possam CRER SER ,rodeadas por adultos inteligentes e sensíveis,que saibam acolher a vida que se expressa em cada uma delas.


Casa Redonda Centro de Estudos.

domingo, 4 de outubro de 2009

Beleza


O olho não teria nunca percebido o Sol se não tivesse primeiro tomado a forma do Sol, da mesma maneira, a alma não pode enxergar a beleza sem ela mesma ter se tornado bela, e cada um há de se tornar belo e divino a fim de alcançar a visão da beleza e da divindade.” (Plotino)
Foto:Sebastião Salgado

Mandalas e Crianças


Eu tive que abandonar a posição hierarquicamente superior do ego. ... Eu vi que tudo, todos os caminhos que eu tinha vindo a seguir, todos os passos que eu tinha tomado, estava levando de volta para um único ponto - a saber, o ponto médio. Tornou-se cada vez mais claro para mim que a mandala é o centro... É o expoente de todos os caminhos...É o caminho para o centro, a individuação.Eu sabia que em encontrar a mandala como uma expressão do eu que eu tinha atingido o que para mim foi o máximo. - CG Jung. Memórias, Sonhos, Reflexões.


Mandala é uma palavra Sanscrita para círculo de cura ou mundo inteiro. É uma representação do universo e de tudo que há nele. Khyil-khor é a palavra Tibetana para mandala e significa "centro do universo onde um ser totalmente iluminado habita". Os círculos sugerem totalidade,unidade, o útero, completude e eternidade.

Mandalas e Crianças

Quando estão com dificuldades para se concentrar, as crianças gostam de rabiscar. Esses rabiscos quase sempre incluem formas que lembram mandalas. Além disso, algumas crianças elaboram motivos muitíssimos parecidos com as mandalas de culturas antigas. Dizem que isso ocorre porque elas estão mais perto de nossas origens. E talvez explique por que pintar mandalas tem um efeito muito mais rápido e perceptível nas crianças do que nos adultos. Os psicopedagogos e psicólogos opinam que o trabalho regular com essas imagens estimula o desenvolvimento da personalidade e aumenta a concentração. No caso de crianças com dificuldades para fazer seus deveres escolares, pintar uma mandala antes de encarar a lição de casa tem um efeito tranqüilizante e concentra as energias. Crianças mais quietinhas encontram nesse tipo de atividade uma carga de energia e de alegria. Também é útil para os que estão em crise de desenvolvimento, os que têm problemas de motricidade, os medrosos, os irritáveis ou agressivos. Ao pintar mandalas, a mente entra em um estado de relaxamento no qual as experiências traumáticas, os medos e as tensões podem ser transformadas.




Grande Morin


Na manhã do último sábado o psicanalista Alceu Roberto Casseb, lembrou-nos da grandiosa contribuição de Edgar Morin para a Educação.Fiz aqui um pequeno resumo sobre as idéias de Morin,segundo o livro: Os Sete Saberes Necessários À Educação Do Futuro


I - As cegueiras do conhecimento: o erro e a ilusão
É necessário introduzir e desenvolver na educação estudo das características cerebrais, mentais, culturais dos conhecimentos humanos, de seus processos e modalidades, das disposições tanto psíquicas quanto culturais que o conduzem ao erro ou à ilusão. Trata-se de armar cada mente no combate vital rumo à lucidez.


II - Os princípios do conhecimento pertinente
É necessário desenvolver a aptidão natural do espírito humano para situar todas essas informações em um contexto e um conjunto. É preciso ensinar os métodos que permitam estabelecer as relações mútuas e as influências recíprocas entre as partes e o todo em um mundo complexo.


III - Ensinar a condição humana
A educação do futuro deverá ser o ensino primeiro e universal, centrado na condição humana. Conhecer o humano é, antes de mais nada, situá-lo no universo, e não separa-lo dele. Todo o conhecimento deve contextualizar seu objeto para ser pertinente; "quem somos?" é inseparável de "onde estamos", "de onde viemos', para "para onde vamos?". Interrogar nossa condição humana implica questionar nossa posição no mundo.


IV - Ensinar a identidade terrena
Convém ensinar a história da era planetária, que se inicia com o estabelecimento da comunicação entre todos os continentes no século XVI, e mostrar como todas as partes do mundo se tornaram solidárias, sem, contudo, ocultar as opressões e a dominação que devastaram a humanidade e que ainda não desapareceram. Será preciso indicar o complexo de crise planetária que marca o século XX, mostrando que todos os seres humanos, confrontados de agora em diante aos mesmos problemas de vida e de morte, partilham um destino comum.


V - Enfrentar as incertezas
Será preciso ensinar princípios de estratégia que permitiriam enfrentar os imprevistos, o inesperado e a incerteza, e modificar seu desenvolvimento em virtude das informações adquiridas ao longo do tempo. É preciso aprender a navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélagos de certeza.


VI - Ensinar a compreensão
A compreensão é a um só tempo meio e fim da comunicação humana. Entretanto, a educação para a compreensão está ausente no ensino. O planeta necessita, em todos os sentidos, de compreensão mútua. Considerando a importância da educação para a compreensão, em todos os níveis educativos e em todas as idades, o desenvolvimento da compreensão pede a reforma das mentalidades. Esta deve ser a obra para a educação do futuro.


VII - A ética do gênero humano
A ética não poderia ser ensinada por meio de lições de moral. Deve formar-se nas mentes com base na consciência de que o humano é, ao mesmo tempo, indivíduo, parte da sociedade, parte da espécie. Carregamos em nós esta tripla realidade. Desse modo, todo desenvolvimento verdadeiramente humano deve compreender o desenvolvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e da consciência de pertencer à espécie humana.

sábado, 3 de outubro de 2009

Escola Inovadora


Hoje tive o prazer de conhecer pessoalmente Ana Elisa Siqueira,Diretora da Escola Municipal Amorin Lima,da cidade de São Paulo.Ela foi responsável pela grande transformação que houve na escola.

Arrancou as grades da escola,derrubou muros e mobilizou professores,pais e alunos a darem as mãos e concretizarem o projeto.

Ana Elisa dirige, desde a década de 90, uma das escolas mais admiradas no que se refere a sistema educacional inclusivo. inspirado na Escola da Ponte de Portugal.

Ana foi muito vanguardista e hoje multiplica suas experiências com todos nós.

Obrigada pela manhã!


Abaixo uma entrevista concedida ao Jornal Escola Comunidade.


JEC: Por que sonhar com uma aprendizagem que não tem fronteiras?

Ana Elisa: Porque sonhar não custa nada. Sonhar com uma educação livre, sem fronteiras, um método dinâmico, onde a regra não é o princípio dos educadores. Damos autonomia aos alunos e isso eleva a autoestima. Paredes e salas de aula nunca foram sinônimos de aprendizagem de sucesso. Por isso nossa é escola é diferente

JEC: A autonomia nesse processo de aprendizagem resolve problemas de exclusão?

Ana Elisa: Acredito que é preciso que todo indivíduo deva ser autônomo e essa autonomia precisa ser construída, moral e intelectualmente. Trabalhamos diariamente pelo sucesso de todos aqueles que lá estudam


JEC: Em quais realidades isso ainda não pode ser aplicado?

Ana Elisa: Todo projeto é possível de ser implantado em qualquer lugar, desde que haja força de vontade, comprometimento, e, em especial, sonho. É preciso contar com uma equipe engajada e com uma sociedade participativa, acima de qualquer coisa, para que uma iniciativa seja sucesso dentro de uma realidade.

JEC: Quais os motivos para tamanha reforma?

Ana Elisa: A escola que se tinha não era a escola que se queria. Pensamos e repensamos toda a realidade daquela comunidade. Passamos a perceber os problemas, as peculiaridades da escola. Em conjunto com a comunidade, percebi que os moldes tradicionais nada adiantariam para transformar aquela situação. Antes de tomar qualquer decisão a comunidade é consultada.




Sensibilidade


A sensibilidade é uma prontidão de vida,que é um exercício da intuição e do pensamento.Está relacionada com emoção,sentimento e sensação.Primeiro vive a sensação,sente a emoção de dentro para fora,num estado de prontidão,compreende o espaço interno,como uma alquimia,que preenche o microcosmo,que provoca o sentimento,como uma elaboração,que decanta.(Sylvio Sawaya)